terça-feira, 28 de maio de 2013

Sem Vergonha

Antes de tudo, alguns avisos: 1) Não, não estou criticando ou mesmo ofendendo qualquer religião ESPECÍFICA. Que fique bem claro. 2) Sim, acredito em Deus. Mas também acredito no amor, independentemente de sexo, classe social, raça, religião ou pokémon favorito. 3) Não gostou do tema? Então, aqui vai uma dica para você: pare e olhe para o próprio umbigo antes de vir falar merda.
Obrigada e boa leitura!
 

     Mais uma vez, lá estava ela, sentada em sua poltrona de frente para a janela do apartamento. Já havia uma semana que sua rotina seguia assim. Chegava em casa, depois do culto, ainda com as palavras do pastor ecoando em sua cabeça. Arrastava a poltrona até a janela, pegava seu velho binóculo... e os observava.
    Seus novos vizinhos.
    Uma abominação.
    Dois homens que se amavam e viviam como um casal! Aquilo a intrigava. A incomodava como nada jamais a incomodou. Se endireitou na poltrona para observar melhor. A porta do apartamento da frente se abriu. Os pecadores chegaram. Pareciam discutir coisas triviais, até que, já de praxe, se beijaram. A espectadora soltou um grunhido de reprovação. Mesmo a uma semana os observando, ainda não conseguia se acostumar com tais demonstrações de afeto. O beijo dos rapazes fora se prolongando, ficando cada vez mais indecente. Somando-se as mãos que deslizavam de um corpo a outro, sedentas. A mulher tapou os olhos, repreendendo-se por estar assistindo aquela cena (novamente). Seu santíssimo pastor sempre dizia o quanto isso era pecaminoso. Abominável aos olhos de Deus. "Sexo em si é sujo, tendo serventia unicamente para a reprodução entre marido e mulher", ele dizia. E sexo entre duas pessoas do mesmo gênero, então? A pobre fiel iludida mal sabia que seu velho pastor era um safado, e dos bons. Principalmente com rapazes entre 16 e 20 e poucos anos.
      Desesperada em suas divagações, mal conseguia se conter de tanta excitação. Sabia que era errado, mas queria ver. Tirou as mãos de frente dos olhos, e viu. Ambos os homens nus. Amando-se, como ela jamais vira em toda sua vida. De lá, conseguia imaginar os gemidos. Enquanto suspirava descompassadamente, tentando se segurar. Sabia como aquilo iria acabar, inclusive para ela. Há dias que pecava assim. Tocava-se vendo dois homens fazendo amor. Seu medo era ir para o inferno. Mal sabia ela que o verdadeiro inferno são os outros.
    Então, mais uma vez, passaria a madrugada rezando e chorando, na esperança de ser redimida de seus desejos mais íntimos.
    Pobre devota... Só queria alguém que a tocasse assim.

Um comentário:

  1. Eita danada! Ela só precisa de um pênis e largar o fanatismo religioso...

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