sábado, 4 de maio de 2013

Scribere

     A menina pegara um pequeno livro de contos infantis da escola. Havia acabado de aprender a ler e a escrever, e com isso sua sede por conhecimento era maior do que nunca. Aprendendo palavras novas, pouco a pouco, e se deliciando com o livro, ela perdeu-se no encanto das páginas. Foi amor à primeira leitura.
    A partir desse dia, Alice decidiu ser escritora.
    Isso aconteceu a muitos anos atrás, quando tinha apenas sete anos de vida. Hoje, Alice está nesse mundo a quase duas décadas, e seu passatempo favorito (depois de ler, é claro) é escrever. Alice escreve o que lhe fala o coração. Começou com algumas poesias na escola, ainda pequena, cujos versos lhe renderam prêmios. Desde então, Alice viciou. Passou a escrever um pequeno diário aos oito anos. A escrever contos, aos dez. Prosas, aos doze. E com quinze, já sonhava em publicar um livro. E não foi encanto de criança, ou depois, uma teimosia da adolescência, como seus pais pensavam. O amor pela escrita só amentou... Ou melhor, aumenta cada dia mais. Já está no segundo ano de Letras, estuda loucamente suas matérias e seus escritores favoritos (seus heróis, como ela mesma os chama), e o melhor de tudo, lê muito. Certo dia, perguntaram a ela o porquê de tudo isso. Alice respondeu simplesmente que não sabia. Que sua alma pertencia a poesia, às letras, e ponto. Talvez, fosse uma herança de família, da parte de algum avô, tio, bisavô, ou o que for. Ou ainda, que de tantas crianças nascidas no mesmo dia, na mesma hora e no mesmo instânte, o Destino decidiu que esse seria o seu dom: passar pro papel o que a sua alma sente.
    Sendo assim, a jovem não se abalava com quem críticava seu amor ou dizia que estava perdendo tempo. Que podia muito bem estudar para ser advogada, médica, engenheira, ou o que for. O que ela dissera a si mesma aos sete anos não mudara. Alice iria ser uma escritora.

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