quinta-feira, 20 de junho de 2013

Amante da Lua

      A Lua, aturdida, amava. Não sabia como, mas amava. Havia um humano. Um humano com uma face pálida e solitária, olhos fixos nela toda noite. De todos os humanos que já a admiraram, esse a havia chamado a atenção. A Lua desejou com todas as forças se desprender do céu, e descer para amá-lo. Mas não podia. A Lua sabia que isso era impossível. Quem cuidaria do céu e das estrelas a noite? Então, ela sonhou durante o dia. E durante a noite, trocava o brilho de sua superfície pelo brilho dos olhos daquele ser. Era assim sua rotina. Era assim que se comunicavam, se amavam. A bela Lua, não sabia se ele entendia que ela também o amava.
    Pois em uma noite dessas, quando estava cheia e mais majestosa do que nunca, não avistou seus olhos luminosos lá embaixo. O procurou, dentre todos os pares de olhos que a admiravam. Nada, nada, nada. Em total desespero, confessou seu segredo à uma estrela, a fim de que esta a ajudasse. A estrela mesquinha, que sempre a invejou, não tardou em espalhar seu segredo e seu martírio dentre todas as contelações. Zombaram de seu amor. Negaram-lhe ajuda. A pobre Lua, então, virou uma piada no céu. Amar um humano. Pff.
    E se seguiu assim. Todas as noites ela procurava aqueles olhos que a amavam. Todas as noites buscava em vão. Ele não estava lá.
    Seu brilho se tornou opaco. Não levantava mais com alegria ao entardecer.
    Mal ela sabia que aqueles olhos ainda a observavam, dentre as frestas de uma pequena janelinha de um sanatório. O rapaz pecou confessando seu segredo aos outros. Estes por sua vez, como as estrelas, zombaram. Mas logo que perceberam a gravidade do problema, o trancafiaram naquele lugar horrendo. Era tido como louco, ridicularizado por seu amor impossível.
    O coitado era um lunático perdido.

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